sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Encontros e Partidas















Encontros e Partidas

Muitas vezes, eis que me percebo caminhando
Em estradas de remoto lugarejo
Divisando povos, continentes
Sigo sonhando,
E de passagem pelo Tejo
Por mares nunca navegados dantes

Outras vezes, eis que me percebo retornando
Em cantatas do velho órgão barroco
Ouvindo Bach na ária para a corda sol
Ou no Messias de Häendel, levitando
E na abstração do momento, troco
Os mares pelos ares, agenda pelo rol

Quantas vezes, nos reencontramos
Em algum porto distante,
Recantos de capitães, nativos e marujos,
Na mesma cantina, festejamos
Mais um encontro, outra partida anunciante,
E aquela velha canção nos incansáveis realejos.

Canto de Esperança




















Ouvi um canto,
não me recordo onde
mas o registro
da memória não esconde

Sei que ouvi um canto
era em parte triste
algo como um lamento
da história de um monge

Ainda me toca este canto
era em parte alegre
algo como um chamado
de uma criança bem longe

E se me surge este canto
neste momento de silêncio
transformo em um grito
de uma esperança que brote...

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 14/7/2011.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Canta teu canto, sempre!












Canta!
Não mais que uma nota,
Cante de chapéu ou pires no chão
E depois conta,
algum real, dólar, cruzeiro ou barão.

Canta!
Não mais que uma vida,
Cante repente, cordel ou alguma canção
E depois conta,
a tua cruz nas linhas de tua mão

Canta
Não mais que uma nota,
Canta não tarda, palavra que não cala, razão
E depois conta,
a todos, tua história, na fração

Canta, cantador!
É abrir-se ao outro, ao coração transbordar
É sorrir, chorar, fertilizar o sertão
E depois lançar,
as sementes e colher a emoção.

Canta
Não mais que uma esperança, desejar
Canta pra alegrar, ninar
E depois acordar aquela criança
E clamar a todo mundo, paz e perseverança

Canta
Não mais que uma dança, festejar
Canta pra ver, ouvir, sentir e buscar mudança
E depois lançar
As bases de uma nova aliança

Canta,
Não mais que uma palavra,
Canta de lábios abertos, de corpo e alma,
E depois do pranto,
Vem a bonança e a calma.

Canta, cantador!
Não mais que um sentimento,
Canta de mente aberta, e eterniza o momento
E depois do canto,
Vem a chama e o fermento...


AjAraújo, o poeta exorta a gente a sorrir, a cantar, espantar os males, suportar as dores, enxugar o pranto e a viver o canto pleno da existência. Poema escrito em 1980.